O PAPEL DA BRINCADEIRA NO DESENVOLVIMENTO DA CRIANÇA
Segundo Piaget, o brincar (para a criança) é uma forma de assimilar o real e adaptar-se ao mundo social, dos adultos, permitindo assim, suprir suas necessidades afetivas e cognitivas. Para Piaget, na brincadeira “do faz-de-conta’’ a criança cria símbolos lúdicos, desenvolvendo uma linguagem própria, para reviver momentos que julgam interessantes.
De acordo com psicólogo soviético Leontiev, na fase da pré-escola, o mundo da criança se expande de tal forma que ela passa a incorporar em suas brincadeiras atividades e objetos dos adultos, com quais elas ainda não manuseiam.
Com isso a criança passa a se interessar pela realidade e sente necessidade de agir sobre os objetos que mais tem contato. É nessa fase que ela se esforça e tenta agir como um adulto.
Para Vygotsky a brincadeira é a reprodução das ações adultas em condições diferentes da realidade, dando origem a uma situação imaginária, isso somente reforça e prova que a criança para imaginar, primeiramente, precisa agir.
Aprendendo a olhar a brincadeira
Ao examinar características das brincadeiras infantis, percebe-se que cada criança tem o seu papel definido e se estrutura em uma situação imaginária. Outro aspecto curioso é a forma que elas fazem dos objetos: as cadeiras, os pedaços de papéis se transformam em dinheiro e em passagens e os pedaços de biscoito viram bolo, por exemplo.
Segundo Piaget estes atos são resultados da utilização de elementos do dia a dia, como uma criança faz de seu travesseiro sua boneca, desta forma elas dão significados as suas brincadeiras.
Brincadeira é coisa séria
A situação imaginária das crianças se caracteriza por meio de experiências vividas socialmente e não como algo criado livremente. Para Vygotsky a submissão da criança a regras de comportamento faz com que seja a razão do prazer que elas experimentam na brincadeira. Nas crianças muito pequenas a ação é de acordo com o que elas veem, ou seja, vê um cabo de vassoura perto de uma lata, por exemplo, ela poderá usá-lo para bater na lata. É no brinquedo que a criança aprende a agir numa esfera cognitiva, ao invés de numa esfera visual.
Vygotsky vê a brincadeira infantil como um recurso que possibilita a transição da estreita vinculação entre significado e objeto concreto, à operação com significados separados dos objetos. Na brincadeira a criança ainda utiliza um objeto concreto para promover a separação entre significado e objeto. Ela só é capaz de operar, por exemplo, com o significado de cavalo utilizando um objeto, como o cabo de vassoura, que lhe permita realizar a mesma ação possível com o cavalo real: montar ou cavalgar. Uma bola, uma caneta ou uma mesa não poderiam representar um cavalo, porque a criança não poderia agir com esses objetos como se fosse um cavalo.
Já uma criança mais velha ou um adulto poderiam utilizar qualquer um desses objetos para representar um cavalo, isso porque crianças mais velhas já podem operar com o significado, independentemente do objeto concreto.
É nesse sentido que a brincadeira infantil constitui uma transição: ao agir com um objeto como se fosse outro, a criança separa do objeto real, concreto o significado. Da mesma forma que um objeto substitui o outro, na brincadeira infantil uma ação também substitui outra. Quando a criança brinca de montar a cavalo, sua ação de correr com um cabo de vassoura entre as pernas, imitando um trotar, substitui a ação real de cavalgar.
Na brincadeira, a criança opera com significados desvinculados dos objetos e das ações; mas o fato de utilizar outros objetos reais e outras ações reais ajuda-a a realizar uma importante transição.
Portanto, o brincar constitui parte integrante no processo de aprendizagem, contudo, para que ocorra um bom aproveitamento das brincadeiras no contexto escolar, faz-se necessário a criação de um ambiente adequado, com espaço suficiente para o faz de conta, tal espaço, deve conter brinquedos diversos, panos das mais variadas cores, fantasias, espelho, utensílios domésticos, caixas de tamanhos diferenciados, cordas, entre outros, além de ser separado por uma cortina ou biombo para que a criança se sinta a vontade em suas produções. O educador deve proporcionar ao educando o esgotamento de todas as possibilidades em suas brincadeiras, o mesmo deve dar liberdade para que seu aluno brinque, suje-se, pule, corra, dance, escorregue, suba, desça, perceba texturas e formas, enfim a criança deve ser tratada como tal. Ao término de cada brincadeira o educando deverá ter oportunidade de organizar o espaço utilizado, criando assim o senso de responsabilidade, o trabalho em equipe e a disciplina. É por meio do lúdico, que a criança percorre um prazeroso caminho em busca de suas aprendizagens, de suas vivências e o papel do educador é mediar esta conexão.
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